quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dicas de Santiago – Sanduíche de pernil

Acabei de voltar de uma viagem de três dias a Santiago, no Chile. O país inteiro é famoso pelos peixes e frutos do mar, mas uma das dicas gostosas que encontramos por lá é de um sanduíche de pernil, de um restopub chamado Lomit’s, no bairro Providência.
Eu e meu marido somos suspeitos com pernil, somos fãs incondicionais do Estadão, boteco clássico no Centro de São Paulo. Mas ficamos encantados com o que comemos nesse lugar. Soubemos de lá pela Ana, amiga querida de BH, que esteve em Santiago duas semanas antes, coincidentemente, no mesmo hotel, também em Providencia. Todas as dicas dela foram sob medida pra gente, por afinidade e localização.
O Lomit’s fica a dois quarteirões do hotel, então fomos lá na volta do passeio ao Valle Nevado, que é bem cansativo. Por fora, a decoração lembra uma casa alemã e dentro é um pub bem familiar, com uma cozinha aberta e comandada por homens sérios, todos de cabeça branca.
É um estabelecimento frequentado por chilenos, foi o único cujo cardápio não tinha tradução para o inglês ou português. Como jargão de sanduíche nunca é óbvio, boiamos em várias informações do menu e estávamos cansados pra pedir uma aula do garçom. Vai ficar pra próxima, por exemplo, descobrir o que vem num sanduba chamado Gorda hehe
Além de escolher a carne, tem opção de três acompanhamentos (de uma lista que tinha chucrute, maionese, ají verde, entre outros), ou completo, ou com queijo, ou com bacon e por aí ia. Escolhi pernil e pedi ao garçom para explicar só a diferença entre os molhos e acompanhamentos. O completo vem com tomate, maionese e abacate. Escolhemos esse, pra entrar no espírito gastronômico local!
No dia anterior, um guia turístico tinha feito piada que o Brasil é o único país do mundo que come abacate com açúcar. Putz, é verdade, né? Ele disse que o abacate chileno é diferente, não é oleoso. Mas depois ele disse também que fazem azeite de abacate... hein? Mas, enfim, comemos abacate no ceviche e decidimos provar o jeito chileno de abacate no pernil.
O lanche foi um sucesso total! A combinação é muito boa, acreditem! O abacate deles, realmente, dá sensação de ser mais leve que o nosso, desmancha na boca e se mistura muito facilmente a outros ingredientes. A maionese e o tomate formam um trio ótimo e o pernil estava desfiando de tão macio. Pra mim, só faltou uma pimentinha, que foi fácil de providenciar.

Cerveja
Fora a comida (levada muito a sério pelos senhores cozinheiros, não se esqueçam), o Lomit’s é um ótimo local para tomar uma cerveja. O balcão é concorrido e o ambiente é super descontraído. No verão, dá pra ir de chinelo ou sem pentear o cabelo que ninguém vai ligar. Os garçons são bem simpáticos e os copos de chope deles são sensacionais, vêm com frases como “Yo soy un tipo transparente” e a nossa preferida: “Reconozco que a veces me quiebro”. Genial, não?
Lomit’s
Av. Providencia 1980, Santiago, Chile

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Mocotó, torresmo e marketing paulistano

Se tem uma mania paulistana com a qual eu implico é que cada estabelecimento “é o melhor de São Paulo”. Em frente aqui de casa tem uma rotisserie mequetrefe que pendura um banner mega cara de pau prometendo “o melhor nhoque de São Paulo” #not.

Além de tirar sarro da autoestima estratosférica, virou um prazer ir aos lugares desmascarar os maiorais. Um dos exemplos memoráveis foi o Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, franqueado de Portugal para SP. Comi metade da fatia, fiquei com dó de desperdiçar (minha mãe ensinou que é pecado) e deixei na geladeira até chegar a hora de dizer tchau. Doce demais e enjoativo pacas.
 
Então quando comecei a ler sobre um restaurante que tinha “o melhor torresmo”, plantei os dois pés atrás. Afinal, com mineiro e torresmo não se brinca! Mas eu lia coisas bem legais sobre o chef do Mocotó e a história do local. Era um boteco do pai, que vendia cachaça e caldo de mocotó, até o filho virar cozinheiro e assumir o negócio. Ele manteve o conceito nordestino, o clima familiar, mas aplicou técnicas gastronômicas de alto nível. 
O nome desse gênio é Rodrigo Oliveira, que não troca o ponto na zona Norte por nenhum outro badalado ou sofisticado. Ele trata cada ingrediente do cardápio como uma iguaria que merece todo respeito e transforma petiscos e pratos super tradicionais em obras primas. Ou seja, o torresmo realmente é o melhor de SP, o melhor do mundo! 
O preparo começa mais de 12 horas antes, envolve salmoura, desidratação e duas frituras. O resultado é uma pele crocante, perfeitamente pururucada, com carne macia. Com todos os torresmos ressecados demais, duros ou murchos demais que já comi, fico imaginando quanto tempo e esforço esse moço levou pra desenvolver a técnica dele...
Portanto, mesmo quem não for tão fã de torresmo tem que provar um quando for ao Mocotó. E eles vendem a unidade. Além dele, há vários tira-gostos sensacionais, uma carta de cachaça e caipirinhas bem variada, pratos deliciosos e sobremesas ótimas. O preço é bom e o atendimento é simpático. Conclusão, vá cedo porque está sempre lotado. O bom de lá é que te servem na fila, então a espera é menos chata. Mas eu sempre madrugo e nunca tive que esperar mais que alguns minutos.

Mocotó Restaurante & Cachaçaria
Av Nossa Senhora do Loreto, 1100 - Vila Medeiros   SP
(11) 2951-3056

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pappa al pomodoro


Estou numa fase Jamie Oliver total. Tenho feito receitas muito gostosas e práticas. Essa aqui é de uma sopa toscana super tradicional. É fácil, rápida, muito saborosa e ganhou um toque charmoso na versão do Jamie.Eu a vi no blog de uma colega de Jornalismo Gastronômico, a Luísa Frey, e estou guardando há três meses.

A pappa al pomodoro toscana leva tomates, manjericão, alho, azeite e pão dormido. É sempre um prazer ressaltar que os tomates são sensacionais na Itália e o pão, nem se fala. Como se trata de uma receita de poucos ingredientes, a qualidade de cada um faz toda a diferença. Portanto, vale escolher os melhores tomates, azeite e pão disponíveis. O próprio Jamie Oliver defende que se for pra usar pão de forma, deixe pra lá (haha)

O toque especial de Jamie é assar tomates cereja com alho, manjericão, azeite, sal e pimenta. É um detalhe que incrementa o sabor e textura da sopa. Eu não tinha tomate cereja, infelizmente, pois comi muito dele em Roma e combinam muito com essa cocção. Mas, pra compensar, tinha tomate italiano bem bonito e assei uma quantidade extra pra decorar e sobrar um pouco para tira-gosto ou salada.
Receita a la Jamie Oliver
500g tomate cereja maduro
3 dentes de alho picados
1 molho de manjericão (desfolhado, com talo picadinho)
Azeite extra virgem de ótima qualidade
Sal e pimenta do reino a gosto. Se for moída na hora, melhor ainda
2 latas de tomate sem pele
500g (ou duas xícaras) de pão italiano em cubos médios, + 3 cm
Preparo: Pique os tomates cereja e coloque em uma assadeira, salpicando com um dente de alho picado, um quarto das folhas de manjericão, um fio de azeite, sal e pimenta a gosto. Asse a 180ºC por cerca de 20 minutos. Enquanto o tomate assa, em uma panela funda, aqueça um pouco de azeite e refogue o restante do alho e os talos de manjericão. Acrescente o tomate sem pele e use a lata como medida para água. Despedace os tomates com uma colher e deixe fervendo por 15 minutos. Acerte o tempero e coloque os pedaços de pão. Adicione as folhas de manjericão e deixe em fogo baixo por 10 minutos. À essa altura, o tomate assado já estará pronto, misture tudo, aproveitando o caldo que estiver no fundo da assadeira. A consistência ideal é de um caldo grosso, ajuste a água, se necessário. Tire a panela do fogo e acrescente 6 ou 7 colheres de sopa de azeite. Se quiser, sirva com folhas de manjericão decorando.
Rendimento: 4 porções